Em
13 de maio de 1888. Há exatos 124 anos... Era um dia de domingo também...A escravidão
negra era “abolida” no Brasil. Podemos mesmo usar o termo abolição?
Abolir quer dizer extinguir, suprimir, deixar de usar... A escravidão foi abolida “juridicamente”, pela Lei Áurea. Mas o que representou, de fato, esta lei para nós?
Abolir quer dizer extinguir, suprimir, deixar de usar... A escravidão foi abolida “juridicamente”, pela Lei Áurea. Mas o que representou, de fato, esta lei para nós?
Teoricamente,
deixamos de ser propriedades de senhores, deixamos de ser escravos para sermos
mulheres e homens “livres”... As porteiras das enormes fazendas eram abertas e ganhávamos então,
a nossa tão sonhada liberdade. Experimentávamos um misto de alegria e temor de
enfrentar o mundo, lá fora. Não houve uma preocupação política e social de
inclusão para os recém-libertos. Das
senzalas fomos jogados diretamente às margens da sociedade. Sem nenhuma
qualificação profissional, ficamos sem lugar, como membros efetivos da
sociedade, à margem da produção.
A ideia
de inferioridade, já impregnada no Brasil sobre o negro e seu trabalho, levou-nos
a desenvolver atividades de pouco ou nenhum prestígio social. Houve preferência
pela mão de obra do imigrante europeu. Sem termos para onde ir, competindo
em situação de desigualdade com os imigrantes nas fazendas e
nas cidades, passamos a viver situação de desemprego, subemprego e marginalidade. Sem
trabalho e sem acesso à terra, amontoávamos nas favelas, e gradualmente, também
nas prisões.
Por isso, a lei Áurea não trouxe a genuína liberdade.
A verdadeira abolição ainda não aconteceu!
A situação atual de exclusão nos remete ao passado escravocrata e ao ideário de inferioridade negra que imperou após a abolição e que, lamentavelmente, dura até os dias atuais.
A verdadeira abolição ainda não aconteceu!
A situação atual de exclusão nos remete ao passado escravocrata e ao ideário de inferioridade negra que imperou após a abolição e que, lamentavelmente, dura até os dias atuais.
Não existem dúvidas de que, o acontecimento de 13 de maio de
1888 tenha sido importante. Foi resultado de intensas lutas de nossos irmãos e irmãs e também de
certa pressão econômica da Europa, ávida para expandir seus mercados
consumidores.
Sofremos, choramos, lutamos
por liberdade, com persistência e resistência. Nunca aceitamos
a opressão, como diz a história contada pela elite alva, mesmo assim, a extinção do escravismo, das desigualdades,
ainda não foi totalmente concretizada. O preconceito étnico segue presente em
nosso dia-a-dia, desde os mortos pela polícia aos menores salários para funções
iguais no mercado de trabalho, passando pelos “macacos” e similares ouvidos nos
jogos de futebol e nas ruas da cidade. Os grilhões foram trocados pelas algemas,
os chicotes, chibatas, pelo cassetete e pelo gás de pimenta. Há quem diga que
não existe bala perdida, e sim “bala racista” (étnica).
A
Lei Áurea, de 1888 foi uma vitória parcial. O fim daquele tipo de submissão
não significou o fim da escravidão, do latifúndio e da estrutura econômica. Não
será pelas vias jurídicas e legais que séculos de injustiças serão compensados.
Não se calarão os gritos apenas com políticas
públicas, cotas. E não será bancando a “coitadinhos” a povo sofrido que iremos
minimizar as mazelas desta sociedade que carrega a herança da escravatura. Devemos nos apropriar das armas da
educação, trabalhar a autoestima dos nossos alunos, filhos, sobrinhos, netos...Somos responsáveis pelos ideais das gerações futuras.
A nossa luta nunca cessará.
Somos um povo forte e capaz.
A nossa luta nunca cessará.
Somos um povo forte e capaz.
“Orgulho-me de ser uma mulher negra e cônscia
dos meus direitos e deveres”...
De
toda forma, hoje é um dia de reflexão e, de certa forma, de alegria...
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