domingo, 13 de maio de 2012

13 de maio: Não é uma data para comemorar...


Em 13 de maio de 1888. Há exatos 124 anos... Era um dia de domingo também...A escravidão negra era “abolida” no Brasil. Podemos mesmo usar o termo abolição? 
Abolir quer dizer extinguir, suprimir, deixar de usar... A escravidão foi abolida “juridicamente”, pela Lei Áurea. Mas o que representou, de fato, esta lei para nós?
Teoricamente, deixamos de ser propriedades de senhores, deixamos de ser escravos para sermos mulheres e homens “livres”... As porteiras das enormes fazendas eram abertas e ganhávamos então, a nossa tão sonhada liberdade. Experimentávamos um misto de alegria e temor de enfrentar o mundo, lá fora. Não houve uma preocupação política e social de inclusão para os recém-libertos.  Das senzalas fomos jogados diretamente às margens da sociedade. Sem nenhuma qualificação profissional, ficamos sem lugar, como membros efetivos da sociedade, à margem da produção.
A ideia de inferioridade, já impregnada no Brasil sobre o negro e seu trabalho, levou-nos a desenvolver atividades de pouco ou nenhum prestígio social. Houve preferência pela mão de obra do imigrante europeu. Sem termos para onde ir, competindo em situação de desigualdade com os imigrantes nas fazendas e nas cidades, passamos a viver situação de desemprego, subemprego e marginalidade. Sem trabalho e sem acesso à terra, amontoávamos nas favelas, e gradualmente, também nas prisões.
Por isso, a lei Áurea não trouxe a genuína liberdade.
A verdadeira abolição ainda não aconteceu! 

A situação atual de exclusão nos remete ao passado escravocrata e ao ideário de inferioridade negra que imperou após a abolição e que, lamentavelmente, dura até os dias atuais.
Não existem dúvidas de que, o acontecimento de 13 de maio de 1888 tenha sido importante. Foi resultado de intensas lutas de nossos irmãos e  irmãs e também de certa pressão econômica da Europa, ávida para expandir seus mercados consumidores.
Sofremos, choramos, lutamos por liberdade, com persistência e resistência. Nunca aceitamos  a opressão, como diz a história contada pela elite alva, mesmo assim, a extinção do escravismo, das desigualdades, ainda não foi totalmente concretizada. O preconceito étnico segue presente em nosso dia-a-dia, desde os mortos pela polícia aos menores salários para funções iguais no mercado de trabalho, passando pelos “macacos” e similares ouvidos nos jogos de futebol e nas ruas da cidade. Os grilhões foram trocados pelas algemas, os chicotes, chibatas, pelo cassetete e pelo gás de pimenta. Há quem diga que não existe bala perdida, e sim “bala racista” (étnica).
A Lei Áurea, de 1888 foi  uma vitória parcial. O fim daquele tipo de submissão não significou o fim da escravidão, do latifúndio e da estrutura econômica. Não será pelas vias jurídicas e legais que séculos de injustiças serão compensados. Não se calarão os gritos apenas com políticas públicas, cotas. E não será bancando a “coitadinhos” a povo sofrido que iremos minimizar as mazelas desta sociedade que carrega a herança da escravatura. Devemos nos apropriar das armas da educação, trabalhar a autoestima dos nossos alunos, filhos, sobrinhos, netos...Somos responsáveis pelos ideais das gerações futuras. 
A nossa luta nunca cessará.
Somos um povo forte e capaz.
“Orgulho-me de ser uma mulher negra e cônscia dos meus direitos e deveres”...
De toda forma, hoje é um dia de reflexão e, de certa forma, de alegria...






Nenhum comentário:

Postar um comentário