Um dia desses, eu estava acessando a uma rede
social quando alguém atualizou o status com a seguinte conclusão: “Finalmente, uma novela dedicada à
família: Carrossel!”.
Na minha visão, nesta “novelinha” não há
nenhuma dedicação à família, ela fere a dignidade humana, exalta a
discriminação, o preconceito racial (étnico) e demonstra a condição do negro
estigmatizado à um status
inferior.
Dentre outras histórias, Carrossel retrata o
drama do Cirilo, um menino pobre e negro, que se apaixona por Maria Joaquina uma
colega de classe, rica de pele clara e arrogante. Ela humilha, despreza
e ridiculariza o menino, por se achar superior a ele.
A novela foi um grande sucesso no ano de
1989. Eu era uma menina com 7 anos de idade, pobre e negra. E sofria junto com o Cirilo.
Na escola, os meninos negros eram chamados de “Cirilo”, os meninos gordos de
“Jaime Palilo” e as meninas gordas de“Laura”, também personagens da
referida novela. Sem dúvidas, Carrossel é uma novela dedicada à familia! Mas, a
uma família que não zela pela autoestima de suas crianças.
A novela voltou à tela do SBT, em uma versão
brasileira. A adaptação de Carrossel, assinada por Iris Abravanel, aborda o
racismo da mesma maneira que a original mexicana. Íris afirma que não irá se
intimidar com a crítica do “politicamente correto”. O preconceito vai existir e será forte como na versão
original. É uma forma de lidarmos com a verdade e dos pais dialogarem com os
filhos sobre o assunto- acrescenta.
A nova versão de Carrossel não cria
oportunidade para a comunidade repensar seus conceitos, pré-conceitos e
atitudes, não promove o debate e ressalta o racismo de forma negativa, por que
não oferece uma troca para equilibrar a situação, mas explora a figura de uma
criança negra passiva, resignada, hostilizada e que aceita tudo em favor de um
sentimento inocente e puro.
“Um país que almeja valorizar a
criança e a empenha-se na sua formação, manifesta a decisão de construir uma
sociedade justa, solidária e capaz de vencer discriminações, violência e
exploração da pessoa humana”. (Sonia Arede)
UNICEF lista dez maneiras de contribuir para
uma infância sem racismo em: http://www.unicef.org/brazil/pt/multimedia_19297.htm
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSe a novela Carrossel fosse realmente dedicado à família deveria agir da seguinte maneira: Nenhuma criança do folhetim deveria ser tratada com insultos preconceituosos. Não deveríamos aceitar cenas onde uma criança negra é humilhada por uma criança branca. A criança em casa vai entender aquilo como algo normal e irá reproduzir a ação com o colega de escola.
ResponderExcluirInfelizmente, essas novelas são formadoras de opinião. Mostrar Cirilo e Maria Joaquina como amigos independente da cor de pele e condição social seria o melhor caminho...