terça-feira, 9 de outubro de 2012

Votar é....O direito e o dever de emburrecer






“O povo é burro!” “O povo votou errado",  O povo não sabe votar” "O povo tem o governo que merece”” são frases destemperadas proferidas assim que os primeiros resultados das eleições foram apurados na tarde do ultimo domingo. Tais afirmações revelam a indignação e revolta com os eleitos/reeleitos. Antes de qualquer posicionamento em torno do resultado das eleições é importante que, se repense a história da democracia deste país. Somos incipientes no processo democrático, uma nação colonial, que se tornou independente tardiamente e, que engatinha ao encontro de uma democracia plena.
Os ranços da colônia, a cultura do “jeitinho” e da troca de favores ainda estão impregnados em nosso povo. As pessoas que almejam permanecer no poder alimentam esta situação e para isso trapaceiam, corrompem, compram votos, distribuem cestas básicas, material de construção, contratos de emprego, etc. A classe politiqueira age justamente em cima das necessidades: moradia, alimentação, saneamento básico, educação, trabalho. Isso tudo é usurpado das pessoas e, em momentos de campanha, volta a ser usado como iscas, esmolas e promessas para atrai-las novamente.
Onde está burrice da população que foi às urnas e escolheu seus representantes?  Se formos analisar os resultados das eleições em todo país é possível constatar que o número de abstenções foi enorme, como nunca visto antes.  O que representa essa abstinência? Satisfação? Aprovação? O povo é de fato burro ou a eleição é um jogo de sedução que, por mais racionais que tentemos ser, somos seduzidos, conquistados pelo discurso dos candidatos e, no final, temos nossas expectativas frustradas? O grande número de abstenções demonstra existem pessoas que almejam mudanças positivas no cenário político.
Afirmar que o povo não sabe votar é acusar o povo de escolher sempre os piores e isso não traduz a verdade, por que a maioria dos eleitores não escolhe um candidato que promete coisas ruins. As pessoas confiam em quem promete o melhor, em quem assume a melhor postura no período de campanha, em quem vende uma boa imagem, em quem afirma que irá investir em educação, saúde, moradia, etc.
O povo não é burro, o povo é vítima. Vítima de uma burguesia que cuida dos interesses próprios, que nos priva de educação, para que não haja mudança de pensamento. As falácias da burguesia crescem a uma velocidade superior, às mudanças provocadas pela educação.  Entretanto em algum momento da história esse distanciamento irá diminuir e a grande responsável por esse feito será a EDUCAÇÃO. Segundo Nelson Mandela " A educação é a arma mais poderosa que poderá ser usada para mudar o mundo".   Estamos caminhando com passos lentos, mas em algum momento a sociedade irá se organizar, os grupos sentarão para discutir, debater política e não haverá mais espaços para políticos desonestos atuarem. Acredito que, neste momento o capitalismo perderá forças e um novo sistema poderá ser implantado neste país.








2 comentários:

  1. Magh parabéns pela escrita! Não cabe aqui concordar ou discordar. Pois, você está analisando pela sua ótica. Acredito que é verdade o que você disse: "ganha quem promete melhor,ou seja, quem vende a melhor imagem." Num país onde a Educação não é prioridade torna-se muito conveniente colocar a culpa na população pobre alegando que essa população não sabe votar.

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  2. Acontece que o discurso pela imagem precisa ser desvelado. À isso qualquer pessoa corre o risco de cair nesta falacia marketeira. Porém quem determina as regras do jogo são os empresários inclusive aqueles que detem o poder midiático. As pesquisas do tipo "datafolha" são mentirosas e manipuladoras de opinião. Apenas privilegia o candidato de maior poder em influencia à estes majoriatários. Até o momento ninguém nunca me perguntou sobre quem eu iria votar meses antes de uma eleição.

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